O caso do pianista misterioso está (?) resolvido.
O homem que agora sabemos chamar-se Andreas Grassl apareceu há cerca de 4 meses numa praia do Reino Unido. Sugeriu-se que seria um náufrago e que se tratava de um pianista prodigioso: quando lhe apresentaram um papel e lápis, visto que não falava, imediatamente desenhou um piano; encontraram-lhe um piano, e ele tocava "genialmente" por períodos de longas horas.
Durante 4 meses, os melhores psicólogos do Reino Unido não conseguiram arrancar-lhe uma palavra, a polícia não consegui descobrir nada, os jornalistas também não.
Há dias, de repente, o homem falou. Segundo o Daily Mirror, disse que era alemão e que tinha perdido o seu emprego em França. Foi para Inglaterra de comboio pelo canal da mancha, e tinha tentado suicidar-se quando foi encontrado. Desenhou um piano porque foi a primeira coisa que lhe passou pela cabeça, e apenas teria tocado umas notas à sorte.
Esta versão, repetida pela generalidade dos jornais e televisões portugueses, é agora desmentida pelo hospital, pelo seu advogado, pela sua família, pelo próprio, segundo os quais Andreas esteve realmente amnésico, e melhorou com o tratamento. Alguns dos psicólogos, no entanto, falavam em processar o alemão.
Ficam as perguntas: será o alemão uma fraude? se sim, não serão os tais "melhores" psicólogos que não detectaram nada durante 4 meses uma fraude também? e a polícia que nada descobre, uma fraude? e os jornalistas de investigação? e os media, que veicularam as notícias sem grande filtro (tanto a notícia original como, pior ainda, a do Daily mirror), serão uma fraude?
No caso dos media portugueses, aliás, já observamos recentemente um comportamento semelhante no caso do arrastão. Sobre isto, ver o excelente (ainda que pouco isento, sem dúvida) trabalho de Diana Andringa em "
Era uma vez um arrastão".