Há uns 20 / 30 anos, ou até menos, quem saía precocemente da escola tinha boas probablidades de acabar numa linha de produção de uma qualquer fabriqueta. Têxtil, na zona onde moro. Pelo que vejo à minha volta, esta probablidade era bastante maior para as mulheres.
Agora que o nosso país parece ter desistido dessa actividade dura, trabalhosa e poluente que é a indústria, para nos tornarmos um país de serviços, estes empregos têm vindo a desaparecer. Por um lado, isto nota-se quando uma fábrica encerra gerando desempregados nos seus 40/50 anos que não têm alternativa de emprego. Por outro lado, significa que os (ou, maioritariamente, as) jovens que saem agora com escolaridade mínima ou pouco mais se empregam como empregadas de lojas, e não já como operárias fabris. Tenho reparado nisso em vários colegas meus, que encontro a trabalhar nas benetton's ou outras que tais.
Ao contrário das fábricas têxteis, no entanto, parece-me que as benetton's apresentam uma característica que se pode transformar num problema social no médio prazo. Uma operária textil continua a produzir até se reformar, inclusivé com aumentos de produtividade decorrentes da experiência. Numa benetton, o que se pretende é meninas bonitas e jovens que atraiam clientes e que tornem a tarde de maridos obrigados a acompanhar mulheres às compras um pouco menos dolorosa.
A pergunta é então: quando, brevemente, esta geração de empregados(as) de lojas deixar de encaixar no perfil "bonito e jovem", para onde vão trabalhar?
quinta-feira, agosto 25, 2005
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