Foi já há quinze dias, mas mesmo assim cá vão alguns comentários:
- Cavaco Silva (50,5%) conseguiu ser o primeiro Presidente da República de "direita" desde o 25 de Abril. Para alguns, um ponto de viragem e o fim definitivo de um ciclo iniciado com a Revolução.
- Sem querer esconder que foi uma derrota da esquerda, tratou-se também de uma derrota dos partidos. Para quem vê os partidos como alicerces da democracia, é portanto uma derrota também da democracia. E derrota dos partidos porque:
1) Cavaco só conseguiu ser Presidente, e percebeu-o bem, quando apareceu como apartidário. A todo o custo tentou esconder que era o candidato do PSD e do PP.
2) O PS escolheu um candidato de força, talvez o principal político português dos últimos 30 anos, e viu-o terminar a corrida em 3º lugar (14,3%), atrás de outro socialista que preteriu.
3) Alegre (20,7%) conseguiu levar consigo estes portugueses descontentes com os partidos. Um milhão de portugueses, que em grande parte terão votado em Alegre mais contra a dupla Cavaco/Soares que pelos méritos daquele.
- O Bloco de Esquerda (5,3%), que tem vindo a subir em parte exactamente por este eleitorado descontente com os partidos (apresentando-se como um partido diferente, fora das tradicionais politiquices) acabou vítima do semi-sucesso de Alegre, e ficou aquém do esperado. Cai também por terra o argumento de que Louçã vale mais que o Bloco.
- Jerónimo de Sousa (8,6%) continua a conseguir o que pouca gente acreditava: manter o eleitorado comunista, e afirmar-se como terceira força política.
- Garcia Pereira (0,4%) e o seu partido são cada vez mais apenas um detalhe na vida política portuguesa.
sábado, fevereiro 04, 2006
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