Eu nem tive tempo de cumprimentar o estafeta. A pizza voou pelos ares. Não se distinguia o sangue do molho de tomate. Pensei para comigo que era realmente muito prática, esta ideia das entregas ao domicílio.
Daí em diante passamos a pedi-las com regularidade nas noites de lua cheia. Eu comia a pizza e Yvan o estafeta.
Em Truismes, de Marie Darrieussecq. Ou Estranhos Perfumes, na tradução das Edições Asa. Ou a metamorfose que Kafka escreveria se fosse uma mulher, e tivesse vivido no final do século vinte.
sábado, agosto 12, 2006
Segurança reforçada
Não percebo nada de segurança em aeroportos, confesso. Mas ao ouvir os responsáveis inglês e português dá para perceber algumas diferenças.
Em Inglaterra ouvimos que o alerta passou para crítico. Facilmente se percebe que não é preciso dizer mais nada: quer lhe chamem alerta crítico, ou segurança máxima, ou código vermelho, ou nível 5, ou o que quer que seja, certamente haverá uma série de procedimentos associados a esse nível. Se o trabalho de casa foi bem feito, ao ser decretado um novo nível toda a gente deve saber como passam as coisas a ser feitas.
Em Portugal, quem falou disse que as "novas instruções" já tinham sido comunicadas oralmente aos aeroportos, e que se estava agora a preparar a versão escrita para ser também enviada.
Apenas diferenças de cultura, ou os responsáveis em Portugal não fazem o trabalho prévio que deviam fazer?
Em Inglaterra ouvimos que o alerta passou para crítico. Facilmente se percebe que não é preciso dizer mais nada: quer lhe chamem alerta crítico, ou segurança máxima, ou código vermelho, ou nível 5, ou o que quer que seja, certamente haverá uma série de procedimentos associados a esse nível. Se o trabalho de casa foi bem feito, ao ser decretado um novo nível toda a gente deve saber como passam as coisas a ser feitas.
Em Portugal, quem falou disse que as "novas instruções" já tinham sido comunicadas oralmente aos aeroportos, e que se estava agora a preparar a versão escrita para ser também enviada.
Apenas diferenças de cultura, ou os responsáveis em Portugal não fazem o trabalho prévio que deviam fazer?
sexta-feira, agosto 11, 2006
As crianças
O meu pai diz que a geração dele nunca mandou: quando era pequeno os pais é que mandavam, quando se tornou pai quem mandava já eram os filhos.
Sinto o mesmo em relação ao prime time da televisão, que nunca foi meu: quando era pequeno o horário nobre tinha telejornais e outras coisas chatas para adultos; hoje tem floribelas e morangos, para crianças.
Sempre ouvi dizer que o futuro pertencia às crianças, mas pensei que fosse apenas quando elas crescessem. Afinal o futuro já aí está, e elas é que mandam nisto.
Sinto o mesmo em relação ao prime time da televisão, que nunca foi meu: quando era pequeno o horário nobre tinha telejornais e outras coisas chatas para adultos; hoje tem floribelas e morangos, para crianças.
Sempre ouvi dizer que o futuro pertencia às crianças, mas pensei que fosse apenas quando elas crescessem. Afinal o futuro já aí está, e elas é que mandam nisto.
Cocorosie
Parecendo que não, o concerto das Cocorosie em Famalicão foi já há mais de um mês. Na altura, imagine-se, a selecção ainda podia ser campeã do mundo!
As irmãs estiveram bem, muito bem, fazendo desfilar toda a bicharada da sua arca de Noé para uma Casa das Artes a abarrotar (o que não é tão comum como isso). As irmãs estiveram até, se calhar, demasiado bem: por vezes parecia que algumas vozes não eram ao vivo, e que da caixinha de música saía mais que sons de animais. Houve quem estranhasse que, ao contrário por exemplo do próprio Spleen (o responsável pelas incursões no rap?), elas nunca se enganassem. Injustiça?
Entretanto, é bonito ver a Casa das Artes encher para música de qualidade. A mim pareceu-me ver caras que estiveram ali pela primeira vez para ver Dresden Dolls (que serão, ainda assim, mais comerciais); pelos vistos gostaram e voltaram: é assim que se formam públicos. Perde-se o charme que tem um concerto com apenas meia dúzia de pessoas, mas aumenta a probabilidade de continuarmos a ter concertos de qualidade.
As irmãs estiveram bem, muito bem, fazendo desfilar toda a bicharada da sua arca de Noé para uma Casa das Artes a abarrotar (o que não é tão comum como isso). As irmãs estiveram até, se calhar, demasiado bem: por vezes parecia que algumas vozes não eram ao vivo, e que da caixinha de música saía mais que sons de animais. Houve quem estranhasse que, ao contrário por exemplo do próprio Spleen (o responsável pelas incursões no rap?), elas nunca se enganassem. Injustiça?
Entretanto, é bonito ver a Casa das Artes encher para música de qualidade. A mim pareceu-me ver caras que estiveram ali pela primeira vez para ver Dresden Dolls (que serão, ainda assim, mais comerciais); pelos vistos gostaram e voltaram: é assim que se formam públicos. Perde-se o charme que tem um concerto com apenas meia dúzia de pessoas, mas aumenta a probabilidade de continuarmos a ter concertos de qualidade.
quarta-feira, agosto 09, 2006
Portugal 1 - França 0
Neste encontro bastante particular o saldo foi positivo para Portugal.
Homenagem
Não sei quem foi a primeira pessoa que conseguiu convencer o patrão não só a pagar-lhe o mês das férias, mas ainda por cima pagar-lhe a dobrar. A esse herói anónimo deixo aqui a minha sincera homenagem.
terça-feira, agosto 08, 2006
Losangos
Antigamente, quando o Benfica jogava em losango, as coisas não correram muito bem. Como estão a correr hoje em dia com o 4x3x3 só o Eng. Santos saberá. Já toda a gente percebeu que os jogadores não aprenderam a jogar em losango; logo vamos saber se desaprenderam o que sabiam.
A "auto-defesa" de Israel
Eu não diria melhor:
«O pressuposto é o de que Israel faz apenas “o normal”, o que todos os países fazem. A realidade não confere. Espanha foi alvo de terrorismo durante décadas, e sabia que a ETA se escondia no País Basco francês. Nunca bombardeou Saint-Jean-de-Luz. O Reino Unido foi alvo de terrorismo durante décadas e sabia que o IRA se organizava na República da Irlanda. Nunca bombardeou Belfast, muito menos Dublin.»
Rui Tavares, no Público de Sábado 5 Agosto, e no seu blog.
«O pressuposto é o de que Israel faz apenas “o normal”, o que todos os países fazem. A realidade não confere. Espanha foi alvo de terrorismo durante décadas, e sabia que a ETA se escondia no País Basco francês. Nunca bombardeou Saint-Jean-de-Luz. O Reino Unido foi alvo de terrorismo durante décadas e sabia que o IRA se organizava na República da Irlanda. Nunca bombardeou Belfast, muito menos Dublin.»
Rui Tavares, no Público de Sábado 5 Agosto, e no seu blog.
A melhor desculpa do ano 2
E tudo isto, dizem eles, por causa do cabo Gilad Shalit.
A melhor desculpa, afinal, não é nem a do Materazzi nem a da Naomi.
A melhor desculpa, afinal, não é nem a do Materazzi nem a da Naomi.
Ele e ela 2
Tinha dito que esta Blitz me parecia demasiado comercial.
Agora, na capa do número 2, a Nelly Furtado. I rest my case.
Agora, na capa do número 2, a Nelly Furtado. I rest my case.
That Leaving Feeling
I got that leaving feeling and this time it's here to stay
I've been weighing up the pulling and pushing me away
The past is just so heavy, but it's something that I can't leave
And this future is so certain, it pushes me to my knees
[...]
We all have dreams of leaving we all want to make a new start
Go and pack that little suitcase with the pieces of our hearts
All those worries and those sorrows, we can just toss them away
Buy a coffee and a paper and go step onto a train
(Stuart Staples, That Leaving Feeling)
A quem devo telefonar para ser este senhor a inaugurar o novo Teatro Circo?
(já que Tom Waits seria, imagino, pedir demasiado)
I've been weighing up the pulling and pushing me away
The past is just so heavy, but it's something that I can't leave
And this future is so certain, it pushes me to my knees
[...]
We all have dreams of leaving we all want to make a new start
Go and pack that little suitcase with the pieces of our hearts
All those worries and those sorrows, we can just toss them away
Buy a coffee and a paper and go step onto a train
(Stuart Staples, That Leaving Feeling)
A quem devo telefonar para ser este senhor a inaugurar o novo Teatro Circo?
(já que Tom Waits seria, imagino, pedir demasiado)
domingo, agosto 06, 2006
Papaboa
Boa surpresa ontem, o restaurante Papaboa em Guimarães.
Dada a conjuntura actual, mariscos e carnes mal passadas estavam fora de questão, o que limita bastante a escolha. Tanto o fondue de lagosta como a espetada de faisão e magret de pato, portanto, vão ter de esperar por uma próxima. Optou-se por Cherne com migas de broa e grelos, seguido de Folhado de frango com cogumelos selvagens e bacon; ambos foram óptimas escolhas.
Como a única pessoa que bebia tinha de conduzir, e não havendo meias garrafas, a escolha teve de ser o maduro tinto a copo. Foi servido o alentejano e aveludado Vale da Torre.
Nota positiva para a ementa (apenas duas folhas com o que realmente o restaurante serve), mas merece-me um reparo: o couvert é descrito como "Espumante, pão, pratos variados". Os 4 euros estariam já justificados com o pão e os pratinhos de entrada, que até são variados; parece-me que não valia a pena incluir na descrição o espumante que é oferecido enquanto se espera pela preparação da mesa: deixa, desnecessariamente, de ser "oferecido".
No final, 2 pessoas pagaram 40 euros, mas é verdade que facilmente poderiam ter pago mais. Quem por lá quiser passar, que a visita é merecida, encontrará este Papaboa mesmo antes de chegar à rotunda da Universidade, quem desce do Paço dos Duques, do lado direito da Rua.
Dada a conjuntura actual, mariscos e carnes mal passadas estavam fora de questão, o que limita bastante a escolha. Tanto o fondue de lagosta como a espetada de faisão e magret de pato, portanto, vão ter de esperar por uma próxima. Optou-se por Cherne com migas de broa e grelos, seguido de Folhado de frango com cogumelos selvagens e bacon; ambos foram óptimas escolhas.
Como a única pessoa que bebia tinha de conduzir, e não havendo meias garrafas, a escolha teve de ser o maduro tinto a copo. Foi servido o alentejano e aveludado Vale da Torre.
Nota positiva para a ementa (apenas duas folhas com o que realmente o restaurante serve), mas merece-me um reparo: o couvert é descrito como "Espumante, pão, pratos variados". Os 4 euros estariam já justificados com o pão e os pratinhos de entrada, que até são variados; parece-me que não valia a pena incluir na descrição o espumante que é oferecido enquanto se espera pela preparação da mesa: deixa, desnecessariamente, de ser "oferecido".
No final, 2 pessoas pagaram 40 euros, mas é verdade que facilmente poderiam ter pago mais. Quem por lá quiser passar, que a visita é merecida, encontrará este Papaboa mesmo antes de chegar à rotunda da Universidade, quem desce do Paço dos Duques, do lado direito da Rua.
sábado, agosto 05, 2006
E se a capuchinho vermelho comesse o lobo mau?
Não sei se foi inventada cá, mas só vi a frase no poster português, e é a descrição perfeita para Hard Candy. Talvez até não tenha sido essa a intenção do autor, mas é um filme que consegue o que pareceria difícil: fazer-nos simpatizar com o lobo mau, neste caso um (suposto?) pedófilo (não vou discutir aqui se se deve considerar pedófilo alguém atraído por raparigas pós-puberdade).
Num filme com apenas cinco actores, as cenas com o Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau preenchem praticamente a totalidade do filme, ambos com excelentes actuações. A isto juntam-se as reviravoltas no argumento e um realizador estreante que nos vai apresentando os dois actores principais em grandes planos que aumentam o envolvimento do espectador. Arrisco um 8 em 10.
Num filme com apenas cinco actores, as cenas com o Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau preenchem praticamente a totalidade do filme, ambos com excelentes actuações. A isto juntam-se as reviravoltas no argumento e um realizador estreante que nos vai apresentando os dois actores principais em grandes planos que aumentam o envolvimento do espectador. Arrisco um 8 em 10.
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