quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Argumento original

Parece que tenho realmente de ver novamente o filme da Abigail. Já sabia que era a única pessoa que não tinha gostado do filme, mas agora ainda lhe decidiram dar o meu Óscar preferido, o de Melhor Argumento Original (que nos últimos anos, por exemplo, foi para Crash, Eternal Sunshine of the Spotless Mind, Lost in Translation, Hable con Ella). Talvez eu é que estivesse num dia mau e o filme é mesmo bom, quem sabe...

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Working less

Um bom artigo sobre este tema.
(Working less and living longer: long-term trends in working time and time budgets, Jesse H. Ausubel e Arnulf Grübler)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A promessa

A SIC Notícias apresenta amanhã um especial sobre JP Simões, e apresenta-o como "uma promessa do panomara musical português". Há gente distraída...

Dez

Vi há uns anos o Dez de Kiarostami, e na altura adorei este misto de filme/documentário da vida de uma mulher iraniana recém-divorciada. O objectivo último de um filme é, parece-me, que o espectador fique na dúvida se se trata realmente de um filme e se os actores estão a representar, ou se é uma câmera escondida a filmar momentos reais; não é fácil, mas Kiarostami consegue-o com mestria.
A RTP decidiu passar esse filme; a que horas? 2:15 da manhã...

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Delírios

Menezes, num post delirante que entretanto parece ter desaparecido misteriosamente do seu blog, anunciava a vitória do não (e para chegar a essa conclusão somava o NÃO com a abstenção).
Agora vem dizer que a constituição exige maioria para validar uma opção; recomenda-se a consulta de vinculativo num dicionário, e a reflectir sobre a diferença entre "obrigar" e "permitir", e talvez até perceba porque é que, ao contrário do que dizia Marques Mendes, não se poderia despenalizar se o NÃO tivesse ganho (votando mais de metade dos eleitores).
Mas o que achei engraçado neste post de Menezes foi esta conclusão em que ele diz que se não se concorda com os 50% + 1 da Constituição se devia mudar a lei: "A lei é inexequível e, portanto, má? Talvez. Mas a solução passa por alterá-la e não por ignorá-la. Pelo menos, haja o bom senso de aproveitar a oportunidade para a adequar à realidade." Não parece mesmo uma frase retirada de um discurso do SIM, sobre uma outra lei?

PS: Para registo, aqui fica o tal delírio desaparecido:
"Os primeiros dados deste referendo consubstanciam desde já, independentemente da posição de cada português em relação ao problema concreto, uma enorme derrota política do Primeiro-Ministro.
Uma votação que, dado o enorme abstentismo, torna o resultado do referendo não vinculativo tem leituras óbvias e indiscutíveis: uma iniciativa política do Primeiro-Ministro é reprovada por cerca de 80% dos portugueses (somatório dos que não se interessaram, abstendo-se, com os que votam contra), derrota porque para além de ter sido o promotor desta iniciativa política, foi militantemente pró-activo em toda a campanha e fez do combate à abstenção a grande bandeira dos seu derradeiros discursos políticos.
Os portugueses, quer se queira quer não, não tinham a sua cabeça concentrada em exclusivo na problemática que ia ser referendada. Tinham-na também, na sua má disposição com as promessas diariamente quebradas, na sua incompreensão para com a evolução medíocre dos resultados da governação.
José Sócrates sai ferido na sua credibilidade. Oxalá aprenda a lição. Foi um primeiro cartão amarelo a esta governação cinzenta, desesperançada e triste."

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Orgulho

Nós, os homens, sempre orgulhosos. Sós, mas orgulhosos. Solitariamente orgulhosos.

Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim


(JP Simões, 1970, também conhecido como O Álbum Que Sérgio Godinho Faria Se Quisesse Homenagear Chico Buarque)

domingo, fevereiro 11, 2007

Obama

Qual o pior pesadelo de alguém cujo principal argumento eleitoral é o de poder vir a ser a primeira mulher presidente dos Estados Unidos?
É aparecer-lhe pela frente nas primárias alguém cujo principal argumento eleitoral é o de poder vir a ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Hora H

Depois de ver o novo programa do Herman, fico a pensar se é ele que tem vindo a piorar nos últimos 20 anos, ou se somos nós que temos vindo a evoluir.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Liberalização

Pode parecer estranho neste mundo cada vez mais liberal, mas a verdade é que a palavra liberalização é usada como bicho-papão; ainda por cima, é um falso argumento.
A mim parece-me simples de perceber: se o SIM ganhar não haverá liberalização coisa nenhuma: a IVG só poderá ser realizada (1) até às 10 semanas, (2) por opção da mulher (e nunca contra sua vontade), e (3) em estabelecimento de saúde legalmente autorizado (ou seja, terá que cumprir as normas necessárias para ser aprovado).
Os defensores do NÃO vêm também agora dizer que não querem pena para a mulher, mas o resto mantém-se como está. Ou seja, aborto sem pena, na semana que se quiser, num sítio qualquer, feito por qualquer pessoa, sem sequer alguém garantir que é essa a vontade da mulher. Mais liberalizado do que isto parece-me impossível...

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Os males do aborto

Quando se discute o aborto há basicamente 3 problemas que se tenta resolver. A importância que dão a cada um, e como os pretende resolver, divide os dois lados em campanha neste referendo.

1) Penalização da mulher. Este é talvez, vamos ser sinceros, o menor dos problemas: é verdade que as mulheres são humilhadas com estes julgamentos, mas se bem recordo os números foram apenas umas 200 mulheres julgadas desde o último referendo, quando se falam em 20 a 40 mil abortos por ano, e nenhuma foi presa. É também o mais fácil de resolver, já que o próprio NÃO vem dizer que está disposto a concordar com esta despenalização, e por isso pode parecer que SIM e NÃO estão neste ponto a defender a mesma coisa. Nada mais enganador: o NÃO defende a manutenção da situação actual, mas esconder o problema acabando com a penalização das mulheres que recorrem ao aborto clandestino; o SIM defende uma alternativa dentro da legalidade para as mulheres que pretendem abortar (e não despenalizar o aborto de vão de escada);

2) O aborto em si, ou seja, o fim da vida do feto. Este é sem dúvida o problema mais difícil de resolver: as soluções existem no longo prazo (educação sexual, por exemplo) e são apoiadas pelos dois lados, mas nem estas resolverão alguma vez a 100% o problema. A solução do NÃO passa por confiar no efeito de persuasão da lei actual (que, como se sabe, não tem resultado); a solução do SIM passa por trazer o aborto para estabelecimentos autorizados, e com isso melhorar o aconselhamento e apoio às mulheres;

3) O aborto clandestino, com as consequências conhecidas para a saúde da mulher. A solução do NÃO é indexar este problema ao problema anterior (que é, como já se disse, o de mais difícil resolução), e por isso torna-o também virtualmente irresolúvel; a solução do SIM passa por despenalizar (eis novamente a palavra mágica) os médicos e os estabelecimentos autorizados que o façam, e assim oferecer uma verdadeira alternativa ao aborto clandestino, eliminando-o assim no médio/longo prazo.

Por me parecer a melhor solução para os vários problemas, votarei SIM.

PS: Já agora, convenço-me cada vez mais que o Não vai voltar a ganhar. Nunca "ganhei" umas eleições desde que voto, estava a estranhar ser desta vez...

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Dead Combo + Howe Gelb

Esta quarta-feira fugi às minhas obrigações durante umas horitas para ir ver Howe Gelb ao Teatro Circo.
A noite começou com Dead Combo, e estes mostraram porque foram escolhidos como banda do ano 2006 em várias publicações. É música portuguesa, com certeza, mas é também um ambiente western que encaixaria na perfeição num Kill Bill 3. E foi até Like a Drug, dos Queens of the Stone Age (versão restaurante chinês, nas palavras do próprio Tó Trips), e Temptation de Tom Waits. Gostei muito de os ver ao vivo, embora confesse que, para mim, a ausência de voz me dá sempre a impressão que falta ali qualquer coisa, e após a primeira meia hora isso começa a tornar-se cada vez mais evidente.
Howe Gelb é o génio da música que se sabe, mas esta noite foi-me dando a impressão que se podia esforçar mais. Lembro-me que quando Robert Fisher foi ao primeiro Festival para Gente Sentada disse que se tinha inspirado nos Giant Sand para criar os Willard Grant Conspiracy: em estúdio gravava com quem aparecesse, e ao vivo tocava com quem estivesse pela zona. Imagino que Howe Gelb não tenha muitos amigos por cá, e por isso teve que tocar sozinho. E sozinho pareceu meio perdido, entre a guitarra, o piano e os dois microfones. É difícil imaginar que isso possa acontecer com Gelb, mas chegou a parecer intimidado com o local: "This is a nice place. Not a bar!", ou "Do you want an opera? This place should be good for an opera", dizia, não se percebendo bem se aquilo era um elogio. A verdade é que o concerto foi melhorando para o fim, quando se libertou, falou mais, com humor, e começou a tocar algumas versões (como o Desperate Kingdom of Love da Poly Jean) e acabou em beleza com um pequeno medley que fundiu Ring of Fire (Cash) com o Hey Jude. Li qualquer coisa do que se passou no dia anterior no Santiago Alquimista e parece-me que foi um concerto mais conseguido, mas ainda assim foi mais uma óptima noite no novo Teatro Circo.

Grandes Portugueses

Está a decorrer na RTP a votação para eleger o "maior português de todos os tempos". Foram já eleitos os 10 mais, e desta lista vai sair o maior: Afonso Henriques, Álvaro Cunhal, António Salazar, Aristides de Sousa Mendes, Fernando Pessoa, Infante D. Henrique, D. João II, Luis de Camões, Marquês de Pombal, Vasco da Gama.
Parece-me uma lista mais ou menos politicamente correcta (exceptuando o facto de não se ter incluído nenhuma mulher), incluindo até Salazar e Cunhal para criar a necessária polémica, mas, sem saber exactamente como foi conduzida esta votação e até que ponto as pessoas foram influenciadas, custa-me a crer que o português médio, tendo de responder livremente sobre o maior português de sempre, se fosse realmente lembrar destas personagens. Alguém acredita mesmo que as pessoas se vão lembrar, sei lá, de Aristides de Sousa Mendes, ou até de Pessoa ou de D. João II, e não da Amália ou do Eusébio? Da Rosa Mota e do Carlos Lopes? Do Mourinho e do Figo? De Soares ou de Cavaco?

domingo, fevereiro 04, 2007

Organização

Vou ao Centro de Saúde para a inscrição para a BCG. Depois de algumas perguntas, informam-me, com toda a naturalidade do mundo, que devo fazê-lo na telefonista: passo por uma porta com "Entrada proibida a estranhos ao serviço" e, ao lado de umas senhoras numa mesa a almoçar, encontro a placa a dizer PBX, e dentro a tal telefonista que acumula com a tarefa de registar inscrições para BCG. Em seguida preciso de inscrever a bebé como beneficiária. Onde se faz isso? No balcão das urgências, pois claro. Por fim, no dia da vacina, devo dirigir-me a um balcão identificado por uma placa onde, apesar de algumas letras terem desaparecido, ainda se consegue ler "Atendimento Administrativo".
Penso para mim que simples desorganização não poderia levar a tanto, por isso isto só pode ser obra de um director com demasiado tempo livre e sentido de humor kafkiano.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Maquiavel

Marcelo disse este Domingo na RTP que se devia partir para eleições intercalares na Câmara de Lisboa. E porque defende ele isto? Em nome da Democracia? Para melhorar a imagem dos politicos, tão debilitada? Para evitar que a Câmara fique dois anos nesta situação? Não.
Segundo Marcelo, deixar esta sitação até 2009 pode prejudicar a imagem do PSD e, coincidindo as eleições autárquicas com as legislativas, o efeito pode verificar-se também nestas últimas, e não só em Lisboa mas até a nível nacional.
Parace-me que não é com pensamentos destes, virados apenas para a manutenção do poder e pensando no umbigo, que os portugueses vão melhorar a imagem que têm dos políticos, e convencerem-se que estes trabalham para o bem do país.