Com a idade, no entanto, também os grupos vão ganhando necessidade de se fazerem respeitar, e os Mão Morta têm, parece-me, percorrido bem esse caminho: assim foi com Heiner Müller aqui há uns anos, e assim é agora com os Cantos de Maldoror.
Parece que o Conde de Lautreamont se tem que ler na adolescência, e deve ter sido por falhar aí que hoje este tipo de literatura não é exactamente my cup of tea. Ainda assim, foi um espectáculo bem conseguido, por exemplo com um cuidado guarda-roupa e curiosos efeitos como o Luxúria a filmar-se e, em tempo real, a projectar nas suas costas o interior da própria boca. Não é para qualquer grupo encher o Teatro Circo em dois dias consecutivos com um espectáculo de hora e meia de monólogo (interrompido apenas raramente pelo resto do grupo), e só se explica por uma já longa carreira de sucesso dos Mão Morta, sempre intimamente ligada à cidade de Braga.
(braga, 11 maio 2007)
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