sexta-feira, novembro 19, 2010

Por uma cadeira de matemática nos cursos de história

Ouço este argumento repetidas vezes. Porque é assim tão difícil perceber que não é por haver menos candidatos que há mais probabilidade de haver segunda volta (muito pelo contrário, provavelmente)? O operário bem tentou explicar à Senhora Doutora, mas pela cara vê-se que não percebeu grande coisa.

Judite: Não é Manuel Alegre que está melhor colocado para evitar uma vitória de Cavaco Silva logo à primeira volta? [...] Se à beira de eleições as sondagens indicarem que Manuel Alegre precisaria dos votos do PCP para travar uma segunda volta com Cavaco Silva o que é que o Partido Comunista faria?

Jerónimo: Contas erradas, Judite, então como é que isso se faz? Se a candidatura de Manuel Alegre tiver esses votos possíveis conjuntamente com os votos do candidato Francisco Lopes obviamente essa segunda volta seria realizável. Ou seja, se quiser, se Cavaco Silva não conseguir 50% de votos, seja com 1 ou 2 candidaturas, ou 3, [...] há sempre uma segunda volta. Se Cavaco Silva conseguir 51% à primeira volta [...] essas contas são arrumadas porque o que é decisivo é saber que todos os votos contam desde que um candidato não tenha 50%.



Judite: Mas eu estava a falar da primeira volta. O Partido Comunista Português admite ficar com o ónus da responsabilidade de Manuel Alegre não ter os votos suficientes para ir à segunda volta?

Jerónimo: Mas como assim? Está a fazer contas erradas. Se Cavaco Silva conseguir mais de 50% estamos conversados, não é verdade? Ganhou à primeira volta. Se conseguir menos de 50% dos votos..

Judite: Ganha!

Jerónimo: Não, não ganha. Haverá sempre uma segunda volta. O meu camarada Franscisco Lopes mobiliza e leva ao voto o eleitorado do PCP, de muitos democratas, de muitos apoiantes. Seria Manuel Alegre que melhor convenceria o nosso eleitorado a ir a votos? [...] Essas contas, eu creio que era importante clarificar essas contas, ou Cavaco Silva consegue 50% na primeira volta, mais de 50%, e conversa acabada, ou não consegue 50% e há sempre uma segunda volta.


(Grande Entrevista, RTP1, 2010-11-18)

1 comentário:

M. disse...

O contrário também não seria mau...

Concordo com ambas as sugestões...