Esta semana houve direito a três idas ao cinema. A primeira foi para ver Children of Men, um filme do realizador de Y tu mamá también (agora em versão holywood). A ideia tinha tudo para dar um bom filme (2027, morre o último jovem - 18 anos - depois de a humanidade se ter misteriosamente tornado estéril), mas poderia ter sido melhor explorada: por exemplo, os problemas de 2027, poluição e emigração, são problemas já hoje: a imaginação não foi muita. Além disso, de minha parte dispensava um filme de ficção futurista, mas se não se queriam preocupar com isso a acção poderia passar-se num futuro mais próximo (escusava de ter já 18 anos o jovem); desta forma é sempre estranho imaginar que, por mais caótico que seja o futuro, não existam daqui a 20 anos modelos de carros novos ou outros gadgets que não temos hoje. O argumento anda à volta da tentativa de salvar um bebé (carregadinha de simbolismos bíblicos), e não passa muito disso. Prometia mais, mas ainda assim um filme a ver, e sem dúvida bem acima de outras coisas que por lá se fazem. Clive Owen (no papel do salvador da criança) e Michael Caine (no papel de um velhote que fuma erva com sabor a morango) estão bastante bem, Julianne Moore pouco aparece.
O segundo filme da semana foi United 93, um filme sobre o bastante difícil primeiro dia de trabalho de Ben Sliney. Apesar do forte carácter propagandista, e da dificuldade que existe em fazer um filme quando o argumento é por demais conhecido - neste caso a parte final, pelo menos -, parece-me que cumpre com o objectivo de nos colocar lá dentro e sentirmos o que sentiram estas pessoas. Existem obviamente algumas coisas que nunca saberemos se correspondem à realidade, e outras são difíceis de acreditar (o piloto terá mesmo colado uma foto do capitólio? para se guiar?), mas o facto de ser filmado com grandes planos, de câmara na mão, consegue passar a sensação que o realizador pretenderia. Outro ponto que terá contribuido é o facto de muitas das personagens lá estarem as himself (apenas as do solo, por razões óbvias). Com o tempo, a memória colectiva destes acontecimentos passa mais pelas obras que os retratam do que pelo que verdadeiramente aconteceu; não vi o World Trade Center (que penso não será comparável pois aborda um lado completamente diferente dos atentados), mas parece-me que ainda não foi feito o filme definitivo sobre o 11 de Setembro; talvez isso já não seja possível dada a complexidade do acontecimento, e aí este Voo 93 será uma peças importante no criar dessa tal memória colectiva.
A melhor supresa da semana viria com o freudiano Inconscientes. Leonor Watling - aqui bem mais mexida do que em Hable con ella - interpreta uma jovem grávida (leitora de Freud, Marx, Sherlock Holmes, Emily e Charlotte Brönte, Mary Shelley, Oscar Wilde), que vê o seu marido misteriosamente fugir de casa e vai - ela própria qual Sherlock -, junto com o cunhado, procurar encontrar as razões para este desaparecimento, descobrindo no caminho segredos sobre todos os que a rodeiam. O filme fez-me um pouco lembrar o 8 Mulheres, mas confesso que já não o vejo há bastante tempo e por isso a semelhança pode ser pouca. Apanhei este Inconscientes no cinema, mas sendo de 2004 deve ser mais fácil alugá-lo e vê-lo em casa, numa tarde de Domingo chuvosa (que mais semana menos semana há-de chegar, imagina-se); de uma forma ou de outra a não perder, ao mesmo tempo que nos roemos de inveja pelo cinema que os nuestros hermanos fazem e nós teimamos em não fazer.
sábado, novembro 11, 2006
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