domingo, abril 29, 2007
Ser e ter
Desta vez já só apanhei o final, mas ontem o Jojo esteve no Canal 2. Para quem não o conhece, recomendo.
sexta-feira, abril 27, 2007
Tadinhos
Não alinho muito nestas guerras Norte/Sul, ou Porto/Lisboa, ou coisa que o valha. Mas neste país de Lisboa e o resto é paisagem, confesso que me dá um certo gosto ler coisas destas. Muito mal habituados, é o que é.
Lisboa ainda fica em Portugal
Eu concordo que o alvo dos concertos não deva ser somente Lisboa. Sei que é penoso ter de andar quilómetros, dormir no carro ou numa pensão manhosa, ou nem sequer dormir para assistirmos àquele espectáculo tão aguardado. E defendo que deve haver uma distribuição homogénea dos espectáculos pelo país, mas bolas, não os desviem de Lisboa. Dificilmente conseguirei ver Bonnie ‘Prince’ Billy em Braga ou uns Bad Seeds em Coimbra.
Lisboa ainda fica em Portugal
Eu concordo que o alvo dos concertos não deva ser somente Lisboa. Sei que é penoso ter de andar quilómetros, dormir no carro ou numa pensão manhosa, ou nem sequer dormir para assistirmos àquele espectáculo tão aguardado. E defendo que deve haver uma distribuição homogénea dos espectáculos pelo país, mas bolas, não os desviem de Lisboa. Dificilmente conseguirei ver Bonnie ‘Prince’ Billy em Braga ou uns Bad Seeds em Coimbra.
terça-feira, abril 24, 2007
Patrick Wolf
Desde que me conheço que evito a fila da frente. Nas festas em criança, quando apareciam os palhaços, evitava sentar-me à frente, receando ser chamado para participar em qualquer coisa. Nas aulas, apesar de ser bom aluno, nunca me juntei aos marrões que se sentavam nas primeiras filas, e optava por fazer amizades nas filas de trás com colegas que no ano seguinte já não estariam no mesmo ano que eu. Na universidade, mais do mesmo.
Nos concertos, no entanto, tento arranjar lugar lá na frente. Para poder ver melhor o que se passa em palco, claro, e já agora porque costumo tirar uma fotozita daquelas manhosas de telemóvel que coloco aqui, e se não estou nas primeiras filas a qualidade é ainda pior. Infelizmente, como se torna difícil comprar bilhetes logo que sei que estão à venda, nem sempre o consigo. O concerto de Patrick novo-David-Bowie Wolf, no entanto, foi uma excepção: os bilhetes foram comprados apenas a uma semana da data, mas acabei por me sentar na fila A do novo Teatro Circo, algo que ainda não tinha feito. A primeira impressão não é a mais favorável: quando o Sr. Lobo entra e se senta ao piano, notamos que a disposição das colunas de som não está pensada para as primeiras filas. Com o decorrer do concerto, no entanto, o ouvido habitua-se e as vantagens de ver tudo a acontecer à nossa beira superam as desvantagens. O bilhete da Joanna Newsom diz fila B, por isso em breve estarei por ali novamente.
Leio por aí que pode ter sido dos últimos espectáculos de Patrick Wolf, que se vai despedir da música ainda este ano. Acredito, no entanto, que são apenas amuos próprios dos 23 anos, e que isso lhe vai passar.
O concerto foi curto, curtíssimo. Uma hora, ou pouco mais. O rapaz parecia mais confiante do que quando o vi na Feira (também ele agora se sentará nas primeiras filas, imagino), mas ainda assim esteve pouco falador. Explicou-nos que não havia músicas ao ukelele porque a TAP, em quem podemos sempre confiar para essas coisas, perdeu as malas; mas não nos explicou que teve também de andar por Lisboa à procura de roupa, e que acabou por encontrar numa loja para adolescentes (no feminino, claro). Das poucas vezes que falou foi para nos contar como Railway House foi inspirado numa casa que ocupou com um rapazito com quem foi muito feliz (bem, rapazito estou eu, preconceituoso, a assumir).
Num alinhamento que privilegiou, como seria de esperar, o novo álbum, os momentos da noite foram Tristan e The Magical Position. Nesta última sugeriu ao público que se levantasse para dançar; de início não pegou, mas bastou levantar-se a primeira para em poucos segundos ter dezenas de teenagers meio histéricas aos saltos entre mim e o palco. Até pensei que tinha ouvido mal quando ele disse que o concerto ia terminar, mas houve só tempo mais para um encore com Magpie e um Feels like I'm in love que repescou dos eighties, e estava a noite feita.
Ah, e as pernas branquíssimas da menina do violino (como se chama?) também mereceriam um post só para elas, mas não há tempo.
Nos concertos, no entanto, tento arranjar lugar lá na frente. Para poder ver melhor o que se passa em palco, claro, e já agora porque costumo tirar uma fotozita daquelas manhosas de telemóvel que coloco aqui, e se não estou nas primeiras filas a qualidade é ainda pior. Infelizmente, como se torna difícil comprar bilhetes logo que sei que estão à venda, nem sempre o consigo. O concerto de Patrick novo-David-Bowie Wolf, no entanto, foi uma excepção: os bilhetes foram comprados apenas a uma semana da data, mas acabei por me sentar na fila A do novo Teatro Circo, algo que ainda não tinha feito. A primeira impressão não é a mais favorável: quando o Sr. Lobo entra e se senta ao piano, notamos que a disposição das colunas de som não está pensada para as primeiras filas. Com o decorrer do concerto, no entanto, o ouvido habitua-se e as vantagens de ver tudo a acontecer à nossa beira superam as desvantagens. O bilhete da Joanna Newsom diz fila B, por isso em breve estarei por ali novamente.
Leio por aí que pode ter sido dos últimos espectáculos de Patrick Wolf, que se vai despedir da música ainda este ano. Acredito, no entanto, que são apenas amuos próprios dos 23 anos, e que isso lhe vai passar.
O concerto foi curto, curtíssimo. Uma hora, ou pouco mais. O rapaz parecia mais confiante do que quando o vi na Feira (também ele agora se sentará nas primeiras filas, imagino), mas ainda assim esteve pouco falador. Explicou-nos que não havia músicas ao ukelele porque a TAP, em quem podemos sempre confiar para essas coisas, perdeu as malas; mas não nos explicou que teve também de andar por Lisboa à procura de roupa, e que acabou por encontrar numa loja para adolescentes (no feminino, claro). Das poucas vezes que falou foi para nos contar como Railway House foi inspirado numa casa que ocupou com um rapazito com quem foi muito feliz (bem, rapazito estou eu, preconceituoso, a assumir).
Num alinhamento que privilegiou, como seria de esperar, o novo álbum, os momentos da noite foram Tristan e The Magical Position. Nesta última sugeriu ao público que se levantasse para dançar; de início não pegou, mas bastou levantar-se a primeira para em poucos segundos ter dezenas de teenagers meio histéricas aos saltos entre mim e o palco. Até pensei que tinha ouvido mal quando ele disse que o concerto ia terminar, mas houve só tempo mais para um encore com Magpie e um Feels like I'm in love que repescou dos eighties, e estava a noite feita.
Ah, e as pernas branquíssimas da menina do violino (como se chama?) também mereceriam um post só para elas, mas não há tempo.
quinta-feira, abril 12, 2007
Esclarecimento
Para futura entrevista na RTP, esclareço desde já o seguinte:
1) Apesar de nunca ter entregue relatório de estágio, concluí a licenciatura após 3 anos do início do estágio, ficando com nota a essa cadeira igual à média de curso. Que eu saiba, esse tratamento é normal e não me foi concedido extraordinamente tendo em vista algum cargo relevante que pudesse vir a ocupar no futuro (e que aliás ainda aguardo)
2) Durante esse período, apesar de ainda faltar o tal relatório de estágio, é possível que num balcão de banco ou no quiosque da minha rua me tenham já chamado doutor, e que eu nem sempre os tenha corrigido.
3) É também possível que me tenham até chamado Engenheiro, apesar de o meu curso não ser uma engenharia. Nesses casos tentei sempre portar-me educadamente, e nunca retribuí o insulto.
4) Não fui a todas as aulas na Universidade, nem coisa que se pareça. Aliás, não me arrependo de poucas vezes lá ter posto os pés
5) Encontrei mais tarde uma colega que descobri ser do meu curso de licenciatura, e até do mesmo ano. Essa colega a princípio não acreditou, porque disse nunca me ter visto por lá. É possível: ver ponto anterior.
6) No meu currículo académico aparece, por exemplo, um 16 a Recursos Humanos no 5º ano. Se o regente dessa cadeira disser que não me conhece, é normal: eu também não faço a mínima ideia quem seja o senhor. Na altura estava demasiado entretido a crescer (para dar conta do que estava a acontecer) em Mikkeli, Finlândia. A equivalência para uma outra cadeira do programa do curso é normal no Erasmus, e não foi favor nenhum especial que me fizeram.
7) Se me pedirem recibos das propinas pagas há dez anos provavelmente não os vou encontrar.
8) Não faço ideia se me lançaram alguma nota em Agosto, ou se me passaram alguma declaração a um Domingo, ou se enviei alguma carta ao reitor em dia de lua cheia.
1) Apesar de nunca ter entregue relatório de estágio, concluí a licenciatura após 3 anos do início do estágio, ficando com nota a essa cadeira igual à média de curso. Que eu saiba, esse tratamento é normal e não me foi concedido extraordinamente tendo em vista algum cargo relevante que pudesse vir a ocupar no futuro (e que aliás ainda aguardo)
2) Durante esse período, apesar de ainda faltar o tal relatório de estágio, é possível que num balcão de banco ou no quiosque da minha rua me tenham já chamado doutor, e que eu nem sempre os tenha corrigido.
3) É também possível que me tenham até chamado Engenheiro, apesar de o meu curso não ser uma engenharia. Nesses casos tentei sempre portar-me educadamente, e nunca retribuí o insulto.
4) Não fui a todas as aulas na Universidade, nem coisa que se pareça. Aliás, não me arrependo de poucas vezes lá ter posto os pés
5) Encontrei mais tarde uma colega que descobri ser do meu curso de licenciatura, e até do mesmo ano. Essa colega a princípio não acreditou, porque disse nunca me ter visto por lá. É possível: ver ponto anterior.
6) No meu currículo académico aparece, por exemplo, um 16 a Recursos Humanos no 5º ano. Se o regente dessa cadeira disser que não me conhece, é normal: eu também não faço a mínima ideia quem seja o senhor. Na altura estava demasiado entretido a crescer (para dar conta do que estava a acontecer) em Mikkeli, Finlândia. A equivalência para uma outra cadeira do programa do curso é normal no Erasmus, e não foi favor nenhum especial que me fizeram.
7) Se me pedirem recibos das propinas pagas há dez anos provavelmente não os vou encontrar.
8) Não faço ideia se me lançaram alguma nota em Agosto, ou se me passaram alguma declaração a um Domingo, ou se enviei alguma carta ao reitor em dia de lua cheia.
quarta-feira, abril 11, 2007
Um príncipe em Braga
A noite começou mal. Uma desistência de última hora, com o bilhete há muito comprado, implicou uma nova contratação e atrasou a saída de casa. Para piorar a situação, a burrinha e mais a sua procissão (a quem não sabe a que me refiro sugiro uma estadia em Braga durante a Semana Santa, e vão ver que também ficam a adorar procissões) fecharam a Avenida Central e lotaram os parques em toda aquela zona. À hora marcada para o início do espectáculo ainda eu procurava estacionamento, com o meu bilhete e os de mais oito pessoas (que na altura, imagino, me insultavam à porta do Teatro Circo). Os outros bilhetes foram entregues a tempo, mas eu já só entrei um pouco depois de, segundo me dizem, Dawn McCarthy ter entrado pela mesma porta e iniciado o concerto, cantando a cappella mesmo ao lado de onde eu já deveria estar sentado. Deixei-a voltar ao palco, desci também o corredor (sem cantar a cappella) e discretamente procurei o meu lugar, que encontrei ocupado. Na fila atrás lá encontrei um lugar vazio e, menos mal, contra todas as probabilidades, acabei por ficar sentado ao lado de uma miúda gira e não de um cabeludo-barbudo-mau-aspecto como eu.
Ela, o Fauno, continuava a encantar em palco. Fabuloso, no sentido original da palavra. Ele, o Sátiro, de casaco de cabedal e barbicha mefistofélica, mais Fausto que Fauno, parece ao princípio um pouco deslocado. Quase como se, em vez de ter sido a guitarra a ser emprestada pelo Bonnie, nos tivesse anunciado antes: "Peço desculpa, mas o meu músico quebrou esta tarde, por isso tive que trazer este que um grupo de metal me emprestou". Mas não, continua-se a ouvir e não é nada disso: o duo é mesmo um duo, Nils encaixa ali perfeitamente; quando canta, ou quando sopra na flauta transversal, ou quando, teatralmente, é a voz do comboio em trânsito. E nós rendidos.
Depois veio o príncipe, e sinceramente não sei dizer se deu um bom concerto. Alguém que não o conhecia bem (como é possível?) diz-me que o concerto foi demasiado longo, ainda por cima quando "as músicas dele são todas iguais" (heresia!). Eu, confesso, há coisas em que não consigo ser imparcial: assim como o Simãozinho foi nitidamente derrubado (foi penalty, pois claro), também o Bonnie deu (pois claro) um grande concerto. Ok, entrou e foi ele próprio preparando o palco, meio desastradamente; as suas piadas podem não ser tão boas como isso ("a friend of mine is opening a maternity shop, and will call it We're fucked"); a guitarra nova não conhecerá tão bem os dedos como a anterior. Mas, senhores, é o Bonnie. São aqueles versos que ouvimos e re-ouvimos, ainda que o que ele ali nos mostre sejam na realidade covers e medleys das suas próprias criações, a ponto de tornar quase irreconhecíceis músicas que pensávamos reconhecer mesmo que tocadas de trás para a frente. Com ou sem Dawn the Faun, Bonnie foi sempre genial (o pobre coitado não sabe ser outra coisa). Entre genialidades, lá ficamos a saber que em breve vai passar muito mais tempo em Portugal, algures in a minor place, visto que, graças à Madonna ter copiado o O Let it be (na versão dela ficou Let It Will Be), se vai reformar com os royalties (não soubemos o resultado final do malmequer, mas tudo indica que virá sozinho).
Cá fora, o lugar para o carro que tanto me custou a encontrar era afinal num parque que fechava à meia noite. Que está fechado, portanto, e o carro lá ficará até de manhã. Mas, claro, há noites que por mais percalços que tenham não deixam de ser perfeitas.
Ela, o Fauno, continuava a encantar em palco. Fabuloso, no sentido original da palavra. Ele, o Sátiro, de casaco de cabedal e barbicha mefistofélica, mais Fausto que Fauno, parece ao princípio um pouco deslocado. Quase como se, em vez de ter sido a guitarra a ser emprestada pelo Bonnie, nos tivesse anunciado antes: "Peço desculpa, mas o meu músico quebrou esta tarde, por isso tive que trazer este que um grupo de metal me emprestou". Mas não, continua-se a ouvir e não é nada disso: o duo é mesmo um duo, Nils encaixa ali perfeitamente; quando canta, ou quando sopra na flauta transversal, ou quando, teatralmente, é a voz do comboio em trânsito. E nós rendidos.
Depois veio o príncipe, e sinceramente não sei dizer se deu um bom concerto. Alguém que não o conhecia bem (como é possível?) diz-me que o concerto foi demasiado longo, ainda por cima quando "as músicas dele são todas iguais" (heresia!). Eu, confesso, há coisas em que não consigo ser imparcial: assim como o Simãozinho foi nitidamente derrubado (foi penalty, pois claro), também o Bonnie deu (pois claro) um grande concerto. Ok, entrou e foi ele próprio preparando o palco, meio desastradamente; as suas piadas podem não ser tão boas como isso ("a friend of mine is opening a maternity shop, and will call it We're fucked"); a guitarra nova não conhecerá tão bem os dedos como a anterior. Mas, senhores, é o Bonnie. São aqueles versos que ouvimos e re-ouvimos, ainda que o que ele ali nos mostre sejam na realidade covers e medleys das suas próprias criações, a ponto de tornar quase irreconhecíceis músicas que pensávamos reconhecer mesmo que tocadas de trás para a frente. Com ou sem Dawn the Faun, Bonnie foi sempre genial (o pobre coitado não sabe ser outra coisa). Entre genialidades, lá ficamos a saber que em breve vai passar muito mais tempo em Portugal, algures in a minor place, visto que, graças à Madonna ter copiado o O Let it be (na versão dela ficou Let It Will Be), se vai reformar com os royalties (não soubemos o resultado final do malmequer, mas tudo indica que virá sozinho).
Cá fora, o lugar para o carro que tanto me custou a encontrar era afinal num parque que fechava à meia noite. Que está fechado, portanto, e o carro lá ficará até de manhã. Mas, claro, há noites que por mais percalços que tenham não deixam de ser perfeitas.
terça-feira, abril 10, 2007
Quorum nos referendos
Luis Aguiar-Conraria, professor de economia da UM, escreveu uma interessante coluna no caderno de Economia de dia 30 do Público (que encontrei também no seu blog), e vem novamente explicar aquilo que o Pedro Magalhães, por exemplo, já tinha explicado aqui: que a bem intencionada regra consitucional que exige 50% de participação nos referendos para que se tornem vinculativos pode levar, paradoxalmente, a uma diminuição da participação.
De facto, em alguns casos o lado que sente que vai perder pode apelar à abstenção, e assim transformar, pelo menos, uma derrota vinculativa numa derrota não vinculativa. Aliás, se pensarmos que, devido aos eleitores fantasmas, a percentagem exigida é na prática bastante superior aos 50%, percebe-se que a táctica da abstenção pode frequentemente ser uma boa opção para quem quer manter o status quo. Como explica Aguiar-Conraria, mais 600 mil votantes no Não no último referendo teriam tornado o referendo vinculativo (com vitória do Sim), e evitavam-se as ameaças de Cavaco de veto à lei do Aborto.
O objectivo seria, então, algo que garantisse a (necessária?) representatividade mínima da votação, mas evitando que a abstenção pudesse ser a táctica de um dos lados. A solução pode passar então por algo muito simples: em vez de exigir 50% de participação, passa-se a exigir apenas que o lado ganhador tenha 25% do total. Assim de repente, diria que caem por terra os incentivos à abstenção. As melhores soluções são frequentemente, como se sabe, as mais simples.
PS: Do pouco que percebi pela leitura na diagonal, no entanto, o artigo referido pelo Pedro Magalhães prova matematicamente que um quorum de aprovação tem na verdade o mesmo efeito que um quorum de participação. O que tiro disso é que, com um quorum de aprovação, o status quo pode ainda assim preferir não mobilizar os seus eleitores, e portanto a taxa de participação será baixa; tenho de ler melhor, mas acredito que, num cenário de pelo menos 25% de aprovação, o status quo vai tentar, no mínimo, "perder por poucos".
De facto, em alguns casos o lado que sente que vai perder pode apelar à abstenção, e assim transformar, pelo menos, uma derrota vinculativa numa derrota não vinculativa. Aliás, se pensarmos que, devido aos eleitores fantasmas, a percentagem exigida é na prática bastante superior aos 50%, percebe-se que a táctica da abstenção pode frequentemente ser uma boa opção para quem quer manter o status quo. Como explica Aguiar-Conraria, mais 600 mil votantes no Não no último referendo teriam tornado o referendo vinculativo (com vitória do Sim), e evitavam-se as ameaças de Cavaco de veto à lei do Aborto.
O objectivo seria, então, algo que garantisse a (necessária?) representatividade mínima da votação, mas evitando que a abstenção pudesse ser a táctica de um dos lados. A solução pode passar então por algo muito simples: em vez de exigir 50% de participação, passa-se a exigir apenas que o lado ganhador tenha 25% do total. Assim de repente, diria que caem por terra os incentivos à abstenção. As melhores soluções são frequentemente, como se sabe, as mais simples.
PS: Do pouco que percebi pela leitura na diagonal, no entanto, o artigo referido pelo Pedro Magalhães prova matematicamente que um quorum de aprovação tem na verdade o mesmo efeito que um quorum de participação. O que tiro disso é que, com um quorum de aprovação, o status quo pode ainda assim preferir não mobilizar os seus eleitores, e portanto a taxa de participação será baixa; tenho de ler melhor, mas acredito que, num cenário de pelo menos 25% de aprovação, o status quo vai tentar, no mínimo, "perder por poucos".
quinta-feira, abril 05, 2007
Deep South
Parecendo que não, parando por momentos o zapping na Oprah pode-se aprender alguma coisa. Segunda-feira, por exemplo, aprendi que as Dixie Chicks, na altura da invasão ao Iraque, no topo da fama, disseram num concerto que eram contra a guerra, e algo como ter vergonha de aquele presidente ser do Texas. A partir daí, as vendas desceram a pique, as salas ficaram vazias, eram recebidas com cartazes com "Traidoras" e "Comunistas". Alguns entrevistados defendiam que claro que há liberdade de expressão e tal, mas não é para ser usada no estrangeiro (o problema, parece, foi ter sido dito no estrangeiro).
É realmente uma terra curiosa, o sul profundo dos US of A.
É realmente uma terra curiosa, o sul profundo dos US of A.
domingo, abril 01, 2007
Ele e ela 3
Tinha-me queixado da falta de reportagens sobre concertos na nova Blitz. Segundo o Vítor Junqueira continua igual. Mais uma razão para eu continuar a não a comprar.
Ainda o NÃO...
Os defensores do NÃO ainda continuam a supreender. Segundo notícia do Público defendem que Cavaco Silva devia vetar a lei, com este argumento peregrino que não precisa de comentários:
“Fomos um milhão e 500 mil portugueses que dissemos não a esta lei. Mas se a nós juntarmos mais um por nascer por cada voto nosso, teremos seguramente mais de três milhões de portugueses”, afirmou Isilda Pegado, em nome dos movimentos do “não”.
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