Já vai no final da quinta semana e nas primeiras esteve até em mais do que uma sala, por isso achei que já o podia ir ver sem ter a companhia de muitas pipocas. Não li o livro, por isso não posso comparar; posso falar do filme, apenas. Resumindo, o filme é uma espécie de "O Clube das Chaves e a Organização Secreta"; e não digo isto com sentido pejorativo, porque até gostava dos livros do clube das chaves. Pena que o resto do mundo não tivesse lido estes livros, porque se tivesse talvez não achassem tão original este Código da Vinci.
A cópia é óbvia: Sophie herda do avô uma chave que a levará de enigma em enigma. Não percebo como é que, no meio dos processos por plágio, não houve nenhum dos autores do Clube das Chaves. A principal diferença é que o filme se destina ao americano médio, que aparentemente é bem menos inteligente que o puto de 10 anos a que se destina o Clube das Chaves. A cada passo do filme há a necessidade de ser tudo explicado: entrando num bosque por trás do Arco do Triunfo, Tom Hanks olha em volta e exclama algo como: "Ah, isto é o Bosque de Bolonha"; ainda antes, ao ver um homem no chão, pernas e braços esticados, e um círculo a envolver o corpo (esqueceram-se do quadrado), diz: "Isto é o Homem de Vitrúvio"; e para ajudar o americano médio, que certamente ainda não percebeu, insiste: "uma das obras mais famosas de Leonardo da Vinci". Não sei se o livro sofre do mesmo problema, mas a julgar pela quantidade de livros a explicar tudo sobre a obra imagino que não; já sobre o filme não há nada a explicar, está lá tudo (irritantemente) chapado.
Tom Hanks está bem, mas é hoje vítima do próprio sucesso: é impossível vê-lo a correr, mesmo de mão dada com a Princesa Amélie, e não imaginar alguém a gritar Run, Forrest, Run; é impossível vê-lo a barbear e não o imaginar em seguida a falar com uma bola de basebol.
A Tautou tinha o papel ideal para saltar definitivamente para hollywood: um filme destinado a grandes bilheteiras, em que a personagem feminina principal é uma francesa a falar inglês; não esteve mal, mas não me tem conseguido convencer que é muito mais que uma cara bonita. Pela maneira como conduz um Smart em marcha atrás, no entanto, tenho de admitir que era a pessoa ideal para o papel.
No geral, e esquecendo que há um livro por trás, esquecendo que estamos a ter a honra de nos ser revelado o maior segredo da história, acabam por ser duas horas e meia de bom entretenimento. Se o filme está à altura do livro é algo que nunca hei-de saber.
quinta-feira, junho 22, 2006
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3 comentários:
Ainda não vi o filme mas estou curioso.
Uma correcção: acho que a bola do Cast Away era de volley e não de baseball :)
Realmente foi ao lado: o Wilson era uma bola de volley, claro. ;)
Um livro porreiro para ler em inglês. Isto é, com o meu inglês fraquito até parecia um livro bem escrito. Ou por outro lado, até parecia que sabia inglês.
Também é porreiro para planear um fim de semana em Paris. E é impossível não ter vontade de ir a Roma depois de ler o "Anjos e Demónios".
É, para mim o Dan Brown é um bom autor dentro do género guias de turismo e livros para aprender inglês. Não percebo porque dizem mal dele. Deve ser inveja.
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