Tenho, confesso, um certo preconceito contra a discriminação. Não gosto, pronto. E não gosto quer seja "negativa" quer seja "positiva".
Em (alguns?) estados dos EUA, segundo penso saber, existem nas Universidades quotas para os elementos de minorias étnicas (leia-se negros e latinos). Sabendo que as pessoas nascem umas mais iguais que outras, este tipo de discriminação pode trazer algum tipo de justiça, reconheço. Mas significa, por um lado, que eu, negro, estou na Universidade não por mérito mas por ser negro. E que eu, branco, tendo notas iguais ao meu vizinho preto, fiquei de fora, enquanto ele entrou. Não me parece que seja este tipo de medidas que vai diminuir o ódio entre os dois mundos.
Em Portugal, voltou-se a falar das quotas para mulheres na Assembleia da República. O objectivo, mais uma vez, pode ser nobre, mas insisto: eu, como mulher, acharia insultuoso ser deputada não por ser a melhor para o lugar mas por faltar alguém para perfazer uma percentagem artificial. Além disso, não vejo bem que uma melhor distribuição por sexo dos deputados seja uma vantagem. Não me parece provado que as mulheres fossem representar melhor as vontades das eleitoras, nem me parece que seja um grande desejo das mulheres ter mais deputadas: se o for, alguém que crie um partido apenas de mulheres, que terá mais de metade dos votos garantidos.
Para mim, um país ter uma grande percentagem de mulheres no parlamento é apenas um bom sinal: um reflexto da sociedade, significando que nesta existe a tão desejada igualdade entre sexos. Mas se isto se obteve na AR artificialmente, por quotas, então não é bom sinal nenhum: é apenas sinal que alguém decidiu atalhar e mascarar a desigualdade por decreto.
Tomem-se medidas para que a igualdade na sociedade seja uma realidade, e isso será repercutido em todas as profissões, incluindo a de deputado. Se se confundir causa com efeito e se atacar o efeito, as causas continuarão lá como sempre.
segunda-feira, junho 12, 2006
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