quinta-feira, janeiro 27, 2005

Disciplina inter-partidária

De acordo com o que ouvi de Paulo Portas, PP e PSD comprometeram-se a que cada um não criticará em público medidas tomadas pelo outro.
A disciplina partidária sempre me fez confusão, mas um acordo destes entre partidos a concorrerem separadamente a eleições ainda me parece mais estranho.

Partidocracia

Em países onde a democracia está mais avançada é comum saber-se, antes da eleições e de parte de cada partido, a quem seriam atribuídos os ministérios. Mais: em algumas tradições democrátivas, o(s) partido(s) da oposição formam um governo-sombra, mais ou menos oficial; por exemplo, as críticas às medidas ambientiais serão nesta lógica realizadas preferencialmente pelo ministro-sombra do ambiente, especialista na matéria.
As vantagens de saber antecipadamente em que executivo estamos a votar parecem-me, em termos de democracia, óbvias. Infelizmente, nem toda a gente pensa assim: José Sócrates, por exemplo, veio dizer que anunciar antecipadamente os ministros do seu governo seria arrogante, e passaria a imagem de que "já ganharam". E assim vai a nossa partidocracia, em que os eleitores se vêm obrigados a votar num partido sem conseguir associar-lhe caras, e mantendo-se assim o afastamento geral da população da política (e dos políticos) que todos dizem querer combater.
Afirmações como as de Sócrates parecem-me hoje em dia inaceitáveis; afinal, a nossa "jovem" democracia passou já dos 30 anos, e estava na altura de se tornar adulta.