quinta-feira, agosto 16, 2007

O Murtal e o milénio

No capítulo doze do excelente "O pequeno livro do grande terramoto", Rui Tavares conta a história da bruxa do Murtal que "previu" um novo terramoto em Lisboa para 19 de Fevereiro de 1989. Os lisboetas, claro, não levaram nada disto a sério, mas, aparentemente, foram nesse fim-de-semana todos "passear" até à casa de campo da família, saída que "já tinham programado há muito tempo".
Em seguida, Rui Tavares decide dar mais 2 exemplos recentes de casos semelhantes (p. 199): a "mania da destruição de Paris, em Agosto de 1999, lançada por Paco Rabanne" e a "paranóia do bug do milénio".
Comparar o bug do ano 2000 com as previsões de Paco Rabanne e da bruxa do Murtal é, no mínimo, insultuoso para milhares de pessoas que passaram grande parte do ano de 99 e da própria noite de passagem de ano a trabalhar para que o Rui Tavares pudesse ter passado essa mesma noite calmamente a beber o seu champanhe. E mostra, o que é pena, que o Rui Tavares, que é das pessoas cujas opiniões mais gosto de ler e ouvir, não parece escapar à ignorância generalizada de tudo que entre no domínio das ciências exactas, a que no passado já me referi.

domingo, agosto 12, 2007

A internet reabre amanhã abre às 8h

A disponibilização de serviços na Web, já se sabe, implica uma mudança de paradigma que nem sempre é fácil de colocar em prática. Alguns casos, no entanto, são difíceis de compreender: esta é a mensagem apresentada pelo site da segurança social, após ter pedido para disponibilizar a minha situação contributiva a outra entidade:

domingo, agosto 05, 2007

Sim, ainda vais a tempo

Este post é dedicado a quem chegou aos 30, 40, 50 ou até 60 anos e pensa que começa a ser tarde para deixar obra para a posteridade.
Eis as (curtas) linhas decidadas a Saramago em 1983, tinha o senhor os seus 60 anos, pelo Pequeno Dicionário de Autores de Língua Portuguesa (Amigos do Livro).

Natural de Azinhaga, na Golegã, tem apenas estudos secundários. Jornalista, dirigiu, em 1975, o Diário de Notícias e tem colaboração dispersa noutros periódicos e em revistas, como Seara Nova. Foi director literário e de produção de uma editora. É autor de poesia, ficção e teatro. Recebeu o "Prémio Cidade de Lisboa", pelo seu livro Levantado do Chão, editado em 1980. Tem para próxima publicação o romance O Ano da Morte de Ricardo Reis e planos para uma peça que pensa intitular A Segunda Vida de Francisco Assis.

Em 82 publicou o Memorial do Convento, em 84 o tal Ano da Morte de Ricardo Reis, em 91 o Evangelho segundo Jesus Cristo, em 95 o Ensaio sobre a cegueira. Em 98, com 75 anos, tornar-se-ia no primeiro prémio nobel da literatura de língua portuguesa. Aos 85 anos continua a escrever.
Ela tinha a faca e o queijo na mão, e por isso recusou-se a fazer-lhe a vontade. E ele ficou sem a sua sande de fiambre.