quinta-feira, abril 24, 2008

Nick

We make a little history every time you come around.
Obri-fucking-gado.


(Nick Cave and the Bad Seeds, Coliseu do Porto, 2008-04-22)

PS: Roam-se, lisboetas: o homem não cantou o Into my arms no Porto...

terça-feira, abril 22, 2008

Roubo

Porque a Justiça portuguesa não se desenrasca, decidi investigar sozinho, e descobri mais uma prova de que as classificações de futebol neste país são cozinhadas na secretaria.

Há anos decidiu-se mudar a vitória para 3 pontos. Com esta alteração a classificação está absurdamente desfasada do que milhões de portugueses desejariam, com prejuízos graves para o moral do país:

Vitórias Empates Derrotas Pontos
Porto 22 3 2 69
Guimarães 14 7 6 49
Sporting 13 7 7 46
Benfica 11 12 4 45
Belenenses 11 9 7 42
Setúbal 10 11 6 41
Maritimo 12 4 11 40
Boavista 8 11 8 35
Braga 8 10 9 34
Nacional 8 8 11 32
Estrela 6 11 10 29
Académica 5 13 9 28
Naval 7 6 14 27
P. Ferreira 6 6 15 24
Leixões 3 14 10 23
Leiria 3 6 18 15


Ao alterar a vitória para 3 pontos, está-se a favorecer as equipas que ganham mais, o que me parece escandaloso e uma medida descarada para prejudicar o Benfica.
A título de exemplo, eis qual seria a classificação se, em vez de alterarem a vitória, tivessem alterado o empate para 3 pontos:

Vitórias Empates Derrotas Pontos
Benfica 11 12 4 58
Porto 22 3 2 53
Setúbal 10 11 6 53
Guimarães 14 7 6 49
Belenenses 11 9 7 49
Boavista 8 11 8 49
Académica 5 13 9 49
Leixões 3 14 10 48
Sporting 13 7 7 47
Braga 8 10 9 46
Estrela 6 11 10 45
Nacional 8 8 11 40
Maritimo 12 4 11 36
Naval 7 6 14 32
P. Ferreira 6 6 15 30
Leiria 3 6 18 24

quarta-feira, abril 16, 2008

A arte, a vida e os escafandros

Um ano e meio depois voltei a entrar numa sala de cinema. A ausência foi forçada, ainda que pelo melhor motivo possível.

O regresso calhou ser com O escafandro e a borboleta. O filme é inspirado em factos reais (a arte imita a vida): Jean-Dominique Bauby, jornalista e editor da Elle francesa, sofre um AVC e, paralisado, passa a poder comunicar apenas através do seu olho esquerdo. É a história de alguém que, recorrendo à imaginação, se tenta libertar do escafandro onde o prenderam (o seu próprio corpo). Se a história do Daniel Day-Lewis parecia difícil, imagine-se com um olho em vez de com um pé.

Antes do acidente o jornalista tinha já assinado contrato para um livro, que seria uma recriação (a arte imita a arte) do Conde de Monte Cristo, mas com uma vingadora feminina no século XXI. Acontece que Deus, já se sabe, é um brincalhão com um sentido de humor bastante perverso, e decide transformar o pobre do Jean-Do numa versão século XXI do velho Noirtier, o pai do Villefort do romance de Dumas (a vida imita a arte, para fechar o ciclo). Noirtier é conhecido por ser a primeira referência literária do locked-in syndrome, o mesmo de que sofre Bauby (ler o capítulo 59 do Conde de Monte Cristo para mais informações).

O filme é arte. São os planos perfeitos encontrados por Julian Schnabel para nos dar a ver o que vê quem pode apenas ver; não será possível sabermos o que é coserem o nosso próprio olho sem que nos cosam o nosso próprio olho, mas o filme coloca-nos lá perto. São as boas interpretações das várias (belas) mulheres da vida de Bauby e de Max von Sydow, que aparece pouco mas é muito bom no pior papel que a vida nos pode reservar: perder um filho. E é, já agora, o Tom Waits na banda sonora.

O filme é vida. É a desgraça, mas sem apelar ao sentimentalismo. É o humor (negro) de Bauby, ao mesmo tempo que momentos como o Chaque jour je t'attends nos impedem de o idealizar, porque cá fora os desgraçados e os coitadinhos podem ser, como toda a gente, bons ou maus, sensíveis ou insensíveis, gajos porreiros ou filhos da puta. Ou, na verdade, nem um nem outro mas ambos. Como toda a gente.

quarta-feira, abril 09, 2008

Anúncio de boicote

Este blog é peremptoriamente (mas nunca perentoriamente) contra o Acordo Ortográfico, e promete utilizar pelo menos uma consoante muda por post.

quarta-feira, abril 02, 2008

Eu errei

Comentei com amigos que até percebia que este fim-de-semana tivessem assinalado um penalty inexistente contra o Benfica (afinal, o Guimarães está com os mesmos pontos), mas que inventar outro a favor do FCP (para dar a vitória 4 minutos depois da hora) me parecia desnecessário, agora que estão 16 pontos à frente e são quase matematicamente campeões. Sempre reconheci razoabilidade ao FCP e, por uma questão de equilíbrio, até costumam ser prejudicados quando já vencem por 3-0 ou já são campeões. Parecia-me por isso estranho este excesso de zelo.

Eis senão quando, poucos dias depois, saem notícias de que o FCP pode vir a perder 6 pontos já esta época devido ao Apito Dourado. O tal penalty passa de repente a fazer sentido e, sendo assim, venho por este meio retratar-me por, na minha ignorância, ter alguma vez colocado em causa os sempre acertados critérios da instituição FCP e dos seus dirigentes.