sábado, agosto 27, 2005

Abordagem de fenómenos psíquicos

"Não há dúvida de que alguns dos acontecimentos registados em sessões espíritas são autênticos. [...] O autor viu pessoalmente uma mesa a levantar-se, e o Dr. Joshua Fleagle, de Harvard, assistiu a uma sessão em que a mesa não só se levantou como apresentou as suas desculpas e foi para a cama. "

Woody Allen, Sem Penas

quinta-feira, agosto 25, 2005

A(s) fraude(s) no caso Piano Man

O caso do pianista misterioso está (?) resolvido.
O homem que agora sabemos chamar-se Andreas Grassl apareceu há cerca de 4 meses numa praia do Reino Unido. Sugeriu-se que seria um náufrago e que se tratava de um pianista prodigioso: quando lhe apresentaram um papel e lápis, visto que não falava, imediatamente desenhou um piano; encontraram-lhe um piano, e ele tocava "genialmente" por períodos de longas horas.
Durante 4 meses, os melhores psicólogos do Reino Unido não conseguiram arrancar-lhe uma palavra, a polícia não consegui descobrir nada, os jornalistas também não.
Há dias, de repente, o homem falou. Segundo o Daily Mirror, disse que era alemão e que tinha perdido o seu emprego em França. Foi para Inglaterra de comboio pelo canal da mancha, e tinha tentado suicidar-se quando foi encontrado. Desenhou um piano porque foi a primeira coisa que lhe passou pela cabeça, e apenas teria tocado umas notas à sorte.
Esta versão, repetida pela generalidade dos jornais e televisões portugueses, é agora desmentida pelo hospital, pelo seu advogado, pela sua família, pelo próprio, segundo os quais Andreas esteve realmente amnésico, e melhorou com o tratamento. Alguns dos psicólogos, no entanto, falavam em processar o alemão.
Ficam as perguntas: será o alemão uma fraude? se sim, não serão os tais "melhores" psicólogos que não detectaram nada durante 4 meses uma fraude também? e a polícia que nada descobre, uma fraude? e os jornalistas de investigação? e os media, que veicularam as notícias sem grande filtro (tanto a notícia original como, pior ainda, a do Daily mirror), serão uma fraude?
No caso dos media portugueses, aliás, já observamos recentemente um comportamento semelhante no caso do arrastão. Sobre isto, ver o excelente (ainda que pouco isento, sem dúvida) trabalho de Diana Andringa em "Era uma vez um arrastão".

E daqui a 20 anos?

Há uns 20 / 30 anos, ou até menos, quem saía precocemente da escola tinha boas probablidades de acabar numa linha de produção de uma qualquer fabriqueta. Têxtil, na zona onde moro. Pelo que vejo à minha volta, esta probablidade era bastante maior para as mulheres.
Agora que o nosso país parece ter desistido dessa actividade dura, trabalhosa e poluente que é a indústria, para nos tornarmos um país de serviços, estes empregos têm vindo a desaparecer. Por um lado, isto nota-se quando uma fábrica encerra gerando desempregados nos seus 40/50 anos que não têm alternativa de emprego. Por outro lado, significa que os (ou, maioritariamente, as) jovens que saem agora com escolaridade mínima ou pouco mais se empregam como empregadas de lojas, e não já como operárias fabris. Tenho reparado nisso em vários colegas meus, que encontro a trabalhar nas benetton's ou outras que tais.
Ao contrário das fábricas têxteis, no entanto, parece-me que as benetton's apresentam uma característica que se pode transformar num problema social no médio prazo. Uma operária textil continua a produzir até se reformar, inclusivé com aumentos de produtividade decorrentes da experiência. Numa benetton, o que se pretende é meninas bonitas e jovens que atraiam clientes e que tornem a tarde de maridos obrigados a acompanhar mulheres às compras um pouco menos dolorosa.
A pergunta é então: quando, brevemente, esta geração de empregados(as) de lojas deixar de encaixar no perfil "bonito e jovem", para onde vão trabalhar?

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