quarta-feira, setembro 19, 2012

A TSU e outras desgraças

A ir para a frente a medida anunciada, muitos trabalhadores ficarão sem 10% ou mais do seu salário. Anualmente perdem um salário e meio, ou até mais. Para que serve afinal o aumento da TSU, para os trabalhadores, de 11 para 18%? Ora bem, para tudo. E para nada.

A primeira explicação foi que teria como objectivo reduzir o défice, indo de acordo com a distribuição mais equitativa da austeridade exigida pelo Tribunal Constitucional. No entanto, e como esta subida foi compensada por uma descida para os empregadores, não era fácil que esta justificação colasse.

Rapidamente se mudou de narrativa: é uma tentativa de ajudar as empresas de forma a evitar mais despedimentos, e até a criar novos empregos. Com a economia que temos, no entanto, ninguém acredita nisso: a enorme diminuição no consumo interno vai ter precisamente o efeito contrário. Até as próprias empresas, as supostamente beneficiadas, vieram a público mostrar-se contra esta medida. Também não será para isto, portanto.

É para quê então? Desvalorização fiscal, dizem eles, para equilibrar a nossa balança comercial. Está desequilibrada, já se sabe (e não é de agora). Para uns porque temos poucas exportações, para outros porque temos demasiadas importações.

A justificação que se ouve mais por estes dias é que o objectivo é aumentar as exportações. E pode haver quem acredite, claro. A não ser que faça contas. Uma redução de cinco qualquer coisa por cento dos custos do trabalho reduzirá os custos totais das empresas exportadores em, para sermos simpáticos, dois por cento. Alguém acredita seriamente que com estes 2% vamos aumentar as exportações? Pois.

Só sobra o outro lado da equação. O verdadeiro, mas que ninguém quer admitir: diminuir as importações. E ninguém quer admitir porque não vamos fazê-lo por "boas" razões (porque conseguimos produzir internamente, diminuindo a dependência do exterior) mas pelo (anunciado, é verdade) empobrecimento do país. Vamos deixar de comprar simplesmente porque nos vão tirar o dinheiro para o fazer; e quem não tem dinheiro não tem vícios.

Com isto vamos finalmente atingir o nirvana, aka balança comercial equilibrada. E tudo irá pelo melhor no melhor dos mundos possíveis. Finalmente, Portugal ficará bem. Infelizmente, os Portugueses ficarão na merda.


E o pior de tudo, como se sabe, não é isso. O pior é que, foi hoje confirmado, o Luisão também está castigado para as competições europeias. Também já é demais, pá, raisquilhe os alemães.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um outro problema é que as empresas andam a portar-se mal e a fazer aquela cena de mau gosto chamada falência, que deixa os bancos muito irritados. São sempre os bancos, sempre os bancos, já devias saber ;-) -pvl