Foi na Terça-feira passada. A noite começou com
Oliver Paine (ou Gonçalo Serras, como lhe chamam lá em casa). Parece bom rapaz, mas a nível musical não tenho muito de simpático a dizer sobre ele (são gostos). Começou por dizer que é um músico ainda anónimo, a trabalhar para deixar de o ser. E ainda tem muito que trabalhar, na verdade. Em primeiro lugar parece-me que tem que decidir que caminho quer percorrer: se quer ser o Chris de Burgh português, ou um novo Elton John, ou se se vira para o Tom Waits, ou para Edith Piaf. Mas há que percorrer algum caminho, porque onde está não está nada bem. Um colega que
joga comigo futebol seria bem mais directo e diria: És fraco, fraco, fraco. Ah, e já agora, toda a gente percebeu a "piada" da orelha, só não acharam foi grande graça. No país que temos, ainda assim, não me admirava se o rapaz fosse em breve um caso de sucesso.
Não reparei nele dentro da sala, mas no intervalo o Burmester andava por lá. Cabe-lhe a ele, imagino, directamente ou indirectamente, a responsabilidade de garantir que a banda de suporte está enquadrada. Falhou, portanto.
Após o (merecido) descanso, o público foi recompensado com um grande espectáculo. os membros do supergrupo alternam cantando músicas suas, acompanhados pelos restantes elementos; na primeira ronda, tocaram-se três músicas de cada grupo.
O primeiro a entrar em cena foi
David Bazan, com duas músicas de
Pedro The Lion e uma terceira do projecto paralelo
Headphones. Em seguida foi a vez de
Will Johnson (que trouxe consigo Scott Danbom dos
Centro-Matic, como teclista/violinista), sair de trás da bateria para trocar de posição com Bazan. À primeira vista parecia o mais tímido dos 4, mas acabou por ser, para mim, o que conseguiu os melhores momentos da noite.
Não consegui assistir ao concerto dos Centro-Matic há quinze dias em Famalicão, mas pareceu-me que Will Johnson disse que não correu muito bem: "it was a little weird there", referiu; agora, ao contrário, "it feels very nice". Ele e Eitzel acabaram por dizer que o local era "the best venue ever". E é: muito agradável a sala Guilhermina Suggia, apesar das cadeiras deslizantes e do dourado do órgão.
Vic Chesnutt teve também direito às suas 3 músicas, incluindo a metafórica Iraq.
Mark Eitzel foi o último, e esteve ao nível do que já tinha mostrado no final do ano passado em Famalicão (com várias músicas repetidas, aliás). Seguiram-se, no mesmo formato, mais duas rondas, uma de duas músicas e outra de uma música por autor.
Entre outros comentários, houve ainda tempo para elogiar o vinho branco português ("much better than the mixture of tequilla and gasoline we have in Texas; and then they call it wine, and sell it for $8 a bottle; and we keep buying it..."), e também para Eitzel se confessar: "I am a gay man that always writes songs about women". No final, e apesar do próprio Bazan ter reconhecido que o concerto já ia muito longo, o público aplaudiu de pé. Só podia.