segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Dead Combo + Howe Gelb

Esta quarta-feira fugi às minhas obrigações durante umas horitas para ir ver Howe Gelb ao Teatro Circo.
A noite começou com Dead Combo, e estes mostraram porque foram escolhidos como banda do ano 2006 em várias publicações. É música portuguesa, com certeza, mas é também um ambiente western que encaixaria na perfeição num Kill Bill 3. E foi até Like a Drug, dos Queens of the Stone Age (versão restaurante chinês, nas palavras do próprio Tó Trips), e Temptation de Tom Waits. Gostei muito de os ver ao vivo, embora confesse que, para mim, a ausência de voz me dá sempre a impressão que falta ali qualquer coisa, e após a primeira meia hora isso começa a tornar-se cada vez mais evidente.
Howe Gelb é o génio da música que se sabe, mas esta noite foi-me dando a impressão que se podia esforçar mais. Lembro-me que quando Robert Fisher foi ao primeiro Festival para Gente Sentada disse que se tinha inspirado nos Giant Sand para criar os Willard Grant Conspiracy: em estúdio gravava com quem aparecesse, e ao vivo tocava com quem estivesse pela zona. Imagino que Howe Gelb não tenha muitos amigos por cá, e por isso teve que tocar sozinho. E sozinho pareceu meio perdido, entre a guitarra, o piano e os dois microfones. É difícil imaginar que isso possa acontecer com Gelb, mas chegou a parecer intimidado com o local: "This is a nice place. Not a bar!", ou "Do you want an opera? This place should be good for an opera", dizia, não se percebendo bem se aquilo era um elogio. A verdade é que o concerto foi melhorando para o fim, quando se libertou, falou mais, com humor, e começou a tocar algumas versões (como o Desperate Kingdom of Love da Poly Jean) e acabou em beleza com um pequeno medley que fundiu Ring of Fire (Cash) com o Hey Jude. Li qualquer coisa do que se passou no dia anterior no Santiago Alquimista e parece-me que foi um concerto mais conseguido, mas ainda assim foi mais uma óptima noite no novo Teatro Circo.

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