segunda-feira, maio 21, 2007

Um Anjo na Terra

(sim, eu sei que isto chega com quase 3 semanas de atraso...)

A noite começou com um senhor de quem pensava nada ou quase nada ter ouvido. Estranhamente, fui descobrindo ao longo da sua actuação que afinal aquilo me soava conhecido. Tenho a certeza que já ouvi Carousing, por exemplo, muitas e muitas vezes. Onde? Não sei, acho que nunca vou saber. De qualquer forma, conhecidas ou não, as músicas não conseguiram impressionar: Alasdair Roberts pareceu demasiado sozinho no palco, apenas mais uma voz com a uma guitarra.

E depois, claro, veio o Anjo.

Todos sabemos que pedir a Deus que nos prove a sua existência não é coisa que se faça: o crente tem fé sem necessidade de milagres que a provem. Por vontade próprioa no entanto, Ele insiste em nos ir dando provas, e elas aparecem sob as mais diversas formas. Um Anjo, todo de branco como deve ser um Anjo, a tocar harpa como toca um Anjo, a cantar como canta um Anjo, foi a prova que esteve na semana passada no Teatro Circo. Com o mesmo sentido de humor dos irmão que disseriam chamar Eon (ao the One), Deus pegou nas letras de Anjo e decidiu chamar-lhe Joanna. Conta quem conseguiu manter algum nível de concentração que o Anjo nos encantou principalmente com o seu último álbum; até Only Skin, que tinha faltado em Lisboa (- we can't play that one, it's too long / - oh, come on / - ok, ok, but we ain't pleased).

Momento da noite: talvez o Sawdust & Diamonds;
O que faltou: Inflamatory writ, cujo início é o meu toque de telemóvel há já muito tempo;
O momento mais surreal: O Anjo diz que não nos consegue ver dada a iluminação da sala. - Oh, I can see some mobile phones now... And someone has a lighter... / - And I have a priest, diz uma voz algumas filas atrás de mim. / - A what?, diz o Anjo. / - Priest. P-R-I-E-S-T / - A priest?, repete o Anjo, sem perceber ainda a relaçao com telemóveis e isqueiros. Your jokes are my favourites, diz o Anjo entre-dentes, que os Anjos também podem ser irónicos. - To marry me (sic), diz a voz, já quase ninguém ouvir (nem o Anjo), e assim perdendo-se a piada que esteve a preparar toda a semana.
O pior: O rapaz exactamente atrás de mim acho que gritar UUU-AAA era a melhor forma de acabar cada uma das músicas (curiosamente aplicando a mesma receita ao pouco inspirado Alasdair e ao Anjo que se seguiu). A namorada, ainda mais curiosamente, era da mesma opinião, e lá iam gritando os dois, por vezes alternadamente, por vezes em uníssono. Lembrei-me na altura que "E o burro viu o Anjo" seria um bom título para o que se passava ali.

(a imagem é mostrada apenas para confirmar a crença popular de que, não lhes sendo possível roubar a alma, os anjos aparecem nas fotografias apenas como clarão de luz)

1 comentário:

Anónimo disse...

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