terça-feira, outubro 16, 2007

Populismo

Gostaria de ter escrito isto, mas o Pedro Magalhães já o fez, e bem:

Anteontem, Manuela Ferreira Leite, dirigindo-se ao congresso do PSD, explicava por que razão os temas da regionalização e do referendo europeu não deveriam fazer parte da agenda do partido no futuro próximo. Quanto ao primeiro, cito de memória, isso corresponderia a "servir de lebre ao PS" e a perder uma bandeira (a da oposição à regionalização) que tinha dado sucessos políticos e eleitorais ao partido no passado. Quanto ao referendo europeu, ele seria de evitar porque obrigaria a fazer campanha com o PS sobre um tema no qual os dois partidos estão de acordo, desfavorecendo, mais uma vez, a possibilidade de o segundo se diferenciar do primeiro. Sobre se a regionalização, o tratado europeu ou a sua submissão a referendo são "bons" ou "maus" em si mesmos, não recordo uma palavra. Assim, os eleitores que tenham ouvido Manuela Ferreira Leite só podem chegar a duas conclusões. A primeira é que a entrada ou saída dos temas da agenda não tem, pelos vistos, rigorosamente nada a ver com a sua substância, mas sim com a maneira ela como pode afectar o "jogo" político e as perspectivas eleitorais do partido.[...]

Foi exactamente o que pensei quando ouvi o discurso de MFL no congresso do PSD. Houve ainda outro argumento, na mesma linha, que o Pedro Magalhães não citou: não podemos pedir baixa de impostos pois isso seria admitir que tal já é possível devido ao bom trabalho do PS nestes dois anos, e não podemos admitir isso.
Já se sabe que este tipo de raciocínios serão normais em reuniões à porta fechada, ou em discursos "para dentro", mas estranha-se vê-los expostos, tão clara e cinicamente, em discursos a que o comum eleitor pode aceder pela TV, pelas rádios, pelos jornais.
Esta falta de vergonha só se compreende por uma de duas razões: ou consideram que cá fora ninguém liga patavina a estes discursos, ou acham que o povinho mesmo que os ouça não os vai perceber. E o mais triste é que são capazes de ter razão..

1 comentário:

Antonio Almeida Felizes disse...

Excelente reflexão. O que para esta senhora interessa é a tactica partidaria, o interesse do país é irrelevante.

Regionalização
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